23.9.10





saudades de mim mesma


quem sabe uma hora eu entro por aquela porta
de volta


quem sabe eu provoco nela uma revolta



2 comentários:

  1. Anônimo14.5.11

    Gostei muito do seu blog, Lígia. Espero ver novos poemas. Abs

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  2. ciranda



    o vôo plumário
    da ave-paraíso
    sob um céu índigo glabro
    onde espumas na neblina
    rosáceas luas de cálcio

    ver a
    lamparina de alumínio
    entre irisantes libélulas
    ao limiar da primavera
    num silêncio de garça

    já as nuvens
    entre nuvens
    plúvias de grafite
    cobrem a varanda
    de papoulas

    ah ! ciranda de libélulas !
    noutros ventos alísios
    flutua a auriflama
    à deriva

    entre estrelas de nácar
    turvas asas de seda
    de um (a)mor cego

    nas órbitas fímbrias
    do arco-íris
    iluminaria
    a minha língua

    como um colibri
    em equilíbrio oscila
    no labirinto de lírios
    e brincos de princesa

    - um cenário à beira-céu -

    risos em multilabros
    num fragmento de sopro
    a soçobrar no vício
    em sigilo

    nossos dias rudes
    sobre a têmpora da tarde
    deslizam como um negro cisne
    no lago vítreo

    a trégua do escar-
    céu cristalino de
    liras em tramas
    sobre um mar de náuseas

    neste espelho d’água
    que se move
    em (re)colhidas
    pálpebras

    donzelas em flores
    como pássaros que se vão
    as copas das grandes árvores

    em declínio
    este sol em brisa
    nu sobre as vértebras

    ventre trêmulo
    em silêncio
    do orvalho em meus ossos
    de argila

    entre lábios
    sílabas falésias
    se estendem
    sobre o mármore

    do mar
    este mar
    nu sobre as vértebras

    onde a ave-paraíso (re)
    pousa na paisagem
    e intriga

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